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Nokia N900 vale como brinquedo 'nerd', mas falha como telefone

Aparelho roda sistema operacional compatível com programas Linux.
Potente, celular tem interface complicada e vem sem funções básicas.

Há quatro anos, a Nokia reinava soberana no mercado de telefonia celular, tanto em vendas quanto em tecnologia. Mas aí, em 2007, surgiu o iPhone, da Apple. Logo depois vieram os aparelhos com Android, sistema operacional do Google. E a Nokia começou a perder brilho. E dinheiro. A liderança continua – a companhia finlandesa ainda tem 34% do mercado mundial e o sistema operacional Symbian, também da Nokia, está em 44% dos smartphones vendidos – mas já é hora de tentar reagir.

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A aposta mais recente da Nokia é o N900, lançado em setembro de 2009 e que chega ao Brasil em agosto por R$ 2 mil. O G1 analisou o N900 e constatou que o aparelho é um excelente computador portátil para geeks, mas peca na usabilidade e, principalmente, nos recursos de telefonia. Não há, por exemplo, suporte de fábrica a mensagens multimídia, também conhecidas como fototorpedos ou MMS.

Sucessor do N810, o N900 é o primeiro – e até o momento, o único – celular da Nokia entre os “internet tablets” a ser fabricado com uma função de telefonia (sim, a Nokia vende gadgets que não telefones).

No quesito hardware, não há do que reclamar: tem teclado QWERTY, processador ARM Cortex A8 de 600MHz, 32GB de memória interna – expansível para 48GB –, e uma placa gráfica PowerVR SGX com suporte a OpenGL. Traduzindo a "sopa de letrinhas": dá para rodar jogos 3D na tela touchscreen de 3,5’’, que tem resolução de 800x480. A câmera vem com assinatura da fabricante de lentes alemã Carl Zeiss, e um sensor de 5 megapixels. Na caixa, um fone de ouvido de alta qualidade é incluído para suplementar os alto-falantes estéreo.

Com tantos recursos, até a Nokia prefere chamar o N900 de “computador portátil” em vez de “smartphone”. Ele tem, no entanto, todos os recursos que se espera de um celular moderno: Wi-Fi, navegação com GPS, Bluetooth, calendário, aplicações, mensagens, e-mail e, claro, telefonia. O que diferencia o N900 dos outros celulares da Nokia, porém, não é o hardware e sim o sistema operacional: Maemo 5.

Linux mais 'puro' que o Android

Baseado no Linux, o Maemo é um sistema digno de um computador desktop. O Android, que é usado em vários celulares concorrentes, como o Motorola Milestone, tem modificações que o tornam diferente “demais” e, por isso, os programas precisam ser retrabalhados antes de funcionarem no celular. No Maemo, não. No N900 é possível instalar toda a distribuição Debian ARM – o Linux desenvolvido para o tipo de processador usado em celulares. Isso significa ter acesso a programas como o OpenOffice e GIMP. Apesar de lentos, eles funcionam como em um PC comum.



Por outro lado, também significa ter um sistema que não foi pensado para um telefone celular. E isso fica bem claro com uso do N900: as funções de telefonia não são nada intuitivas e recursos básicos estão faltando. O pior é que o N900 foi o primeiro e também deve ser o último celular com Maemo a ter funções de celular. No futuro, a Nokia deverá usar outro sistema, chamado de MeeGo. Ou seja, o N900 usa um sistema já em rota de abandono.

Um celular bom, se você souber como ajustá-lo

A área de trabalho do N900 é dividia em quatro partes e você pode “arrastá-la” para ter acesso às opções. Além de operar o celular com o dedo, uma caneta stylus (do mesmo tipo que era muito usada em Palmtops) está inclusa e pode ser usada – o que é útil, especialmente para navegar em programas pouco adaptados para a tela pequena.


Ao abrir o menu, o N900 traz as principais aplicações e um botão para acessar “mais”. É possível mudar isso para categorizar os aplicativos, facilitando muito a acesso aos programas depois que outros softwares já foram instalados.

A maior parte dos aplicativos funciona apenas no modo horizontal, um lembrete das origens tablet-quase-desktop do N900. Apenas alguns poucos softwares, como o que faz as ligações – que foi desenvolvido apenas para o N900 – funcionam em modo retrato. Com a atualização mais recente lançada pela Nokia no final de maio, o navegador web também ganhou a opção de exibir páginas verticalmente.
O navegador web, aliás, é excelente – outro lembrete, desta vez positivo, da origem “tablet” do N900. Baseado na tecnologia do Firefox, o navegador exibe os sites corretamente e tem suporte ao Adobe Flash Player 9.4, mesmo rodando muito lentamente. O Firefox e o Opera Mobile também estão disponíveis para o N900, mas não há muita razão para instalá-los. O suporte multitarefa do aparelho é excelente.

Câmera similar a de equipamentos mais baratos

Se sua preocupação principal são fotos, o N900 é tão bom quanto alguns celulares da Nokia de valor muito inferior. Em uma comparação com o N85, um celular que custa a metade do N900, percebe-se que a maior diferença entre os dois é o pós-processamento da imagem. Ou seja, não há diferenças significativas no hardware – dá para gastar menos se tudo que você procura é um celular com uma boa câmera. Além disso, você vai ter que editar toda as fotos no computador, porque o N900 não dispõe de configurações como contraste e vivacidade das cores. Para ativar a câmera, basta deslizar a tampa protetora.

A qualidade de chamada é boa. O microfone do N900 é excelente – até a gravação de som ambiente em condições pouco favoráveis é satisfatória. Mas para tirar proveito disso você também terá de instalar um programa adicional. Como vem da fábrica, o N900 não permite que você grave chamadas nem ligue o microfone para gravações pessoais – recursos comuns até mesmo nos celulares mais simples da Nokia. Com o programa “recaller”, porém, é possível gravar áudio em AAC ou FLAC.

A usabilidade do programa “Telefone” não merece elogios. Ao receber uma chamada, não existe um recurso como o “deslizar para atender” do iPhone. Um simples toque na tela, que pode ser causado pelo fato de o telefone estar em um bolso, por exemplo, é capaz de atender a chamada.

Graças ao sensor de proximidade, a tela se apaga quando você coloca o telefone na orelha, mas isso dificulta o uso de “menus de callcenter” porque você precisa tirar o telefone do ouvido e aguardar de 1 a 2 segundos para ver a tela, chamar o teclado e digitar um número, voltar a ouvir e... O processo se repete; o mais fácil nesse caso é ativar o viva-voz e usá-lo olhando para a tela. O teclado QWERTY não é prático para essa tarefa, já que os números 1 a 0 estão na mesma linha.

Há também uma limitação inexplicável no número de perfis de uso disponíveis: apenas dois, geral e silencioso, além do offline. Vários modelos mais simples da Nokia acompanham vários perfis – como Externo, Reunião – e também a possibilidade de criar novos perfis, o que não é possível no Maemo. Talvez a Nokia tenha tentado copiar o iPhone com esse comportamento, mas não é algo com o qual usuários Nokia estão acostumados. Também não há como configurar desvio de chamada pela interface do celular. Mais uma vez, usuários já fizeram programas para resolver esses problemas.

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